Exploração Sexual: Fundação Aury Luiz Bodanese realiza atividades contra abuso infantojuvenil

04/07/2025

Nos meses de maio e junho, a Fundação Aury Luiz Bodanese (Fundação ALB) e sua mantenedora Aurora Coop somaram esforços ao movimento nacional de sensibilização e combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes. Em alusão ao Maio Laranja, promoveu uma série de atividades educativas e preventivas, que mobilizaram mais de 1,5 mil crianças e adolescentes em Santa Catarina (SC), Paraná (PR), Rio Grande do Sul (RS) e Mato Grosso do Sul (MS).

O público assistiu ao “Cinema da Prevenção”, uma atividade do Programa de Diversidade, conduzido pela Fundação. A exibição foi de um curta-metragem que relata o desaparecimento e a morte de Araceli Cabrera Crespo, de oito anos, ocorrido em maio de 1973, que originou o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Brasil, em 18 de maio, somado à campanha nacional.

“Para nós da Fundação, esse tema é de extrema relevância. Nossas ações orientam sobre a importância da denúncia, da busca por atendimento, do olhar sobre o outro e, principalmente, sobre a atenção que devemos ter com o nosso corpo e com o meio de convívio”, destacou a analista de programas sociais da Fundação, Gabriela Concolatto.

As atividades ocorreram em diversos municípios, como São Miguel do Oeste (SC), Chapecó (SC), Irati (SC), Xaxim (SC), Ponte Serrada (SC), Maravilha (SC), Pinhalzinho (SC), Joaçaba (SC), Guatambu (SC), Mandaguari (PR), Castro (PR), Tapejara (RS), Aratiba (RS), Ibiaçá (RS), Sarandi (RS), Erechim (RS) e São Gabriel do Oeste (MS).

Durante os encontros, os participantes sanaram as dúvidas e expressaram seus sentimentos por meio de relatos e desenhos. “As discussões sobre abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes precisam ser abordadas sempre. Ficamos felizes com os resultados e seguimos com as ações durante o ano todo. Esse tema não pode silenciar”, complementa Gabriela.

Além das ações realizadas nas unidades da Aurora Coop, a Fundação ALB participou da oficina “O invisível que marca: interpretação psicanalítica da violência sexual contra crianças e adolescentes”, promovida pelo Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (GAPA), em parceria com a Escola de Estudos Psicanalíticos e o Fórum Municipal pelo Fim da Violência e da Exploração Sexual Infantojuvenil. A programação incluiu palestra da psicanalista Návia Terezinha Pattussi e uma reunião ampliada do Fórum, com apresentação de materiais informativos traduzidos para o espanhol, principalmente para amparar povos imigrantes venezuelanos, e crioulo – língua materna do Haiti.

SINAIS E AMPARO

Návia ressaltou que 90% dos casos atendidos por meio da Escola de Estudos Psicanalíticos e do Ministério Público são relativos à violência sexual contra crianças e adolescentes. Nesse contexto, o amparo é um processo de sensibilização delicado, principalmente pelos impactos psicológicos que a agressão provoca. “O principal problema é o trauma psíquico. A violência, geralmente, é cometida por um adulto da família. Quando a criança relata essas situações, os adultos comumente relutam em reconhecer como uma verdade, sobretudo quando não há uma prova física da agressão. Ao duvidarmos e invalidarmos a palavra da criança, impusemos a continuação desse sofrimento. Falar é primordial para a organização psíquica e a superação do trauma.”

Para a especialista, a escuta é indispensável porque as crianças não compreendem o que aconteceu, mesmo que possam perceber que há algo de errado. Um fator que implica nesse entendimento é o registro sexual que elas têm, muito diferente dos adultos. “O adulto está usando ela como objeto do seu prazer. Quando a criança permanece ingenuamente naquela situação é porque percebe o agressor como uma referência.  É um misto de temor, do medo da perda do amor daquela pessoa, principalmente sobre o aspecto da proteção e da afetividade. O amor de um adulto, no olhar da criança, é a sua forma de sustentação no mundo. Nascemos em condições absolutamente vulneráveis, fisicamente e psiquicamente, então buscamos esse amparo na infância.”

Outros sinais que podem ajudar a família a investigar e identificar algum problema é a mudança de comportamento e os sintomas físicos. “A criança passa a ter conflitos e ruídos de convivência na escola ou a romper relações sociais e isolar-se, distúrbios alimentares e dores, sente dor de cabeça e no corpo, e, em alguns casos, pode ter crises de convulsões”, alertou Návia. A especialista ainda recomendou que é imprescindível o acompanhamento de psicólogo e outros profissionais.