Prêmio Empreendedor Rural Cooperativista: mais que um prêmio, um legado no campo

15/05/2025

O relógio ainda marcava as primeiras horas da manhã quando produtores, técnicos, dirigentes e parceiros começaram a ocupar o salão nobre do Complexo de Eventos Tabajara, em Chapecó. O sábado do dia 10 de maio ficou marcado como um momento de reencontro, de celebração e, acima de tudo, de reconhecimento em mais uma edição do Prêmio Empreendedor Rural Cooperativista 2025, promovido pela Cooperativa Aurora Alimentos, a Aurora Coop.

            Entre trocas de abraços e olhares orgulhosos, um sentimento era comum a todos: o de pertencimento. A cada nome anunciado, uma trajetória de superação era aplaudida. A cada família homenageada, vinha à tona o verdadeiro significado do cooperativismo: caminhar juntos, lado a lado, rumo ao desenvolvimento coletivo.

            O diretor presidente da Aurora Coop, Neivor Canton, subiu ao palco para um pronunciamento que traduziu com sensibilidade o espírito da premiação. Ele fez questão de agradecer aos protagonistas da jornada cooperativista, os líderes rurais, dirigentes das cooperativas, os parceiros institucionais e, sobretudo, as famílias do campo.

            “Temos parceiros fortes para fazer o desenvolvimento acontecer. Educadores, monitores, técnicos de campo. Eles são como professores que levam conhecimento, prática, e ajudam a transformar a realidade das nossas propriedades rurais. São eles que garantem produtividade com responsabilidade e isso agrega valor às atividades que os empresários rurais desenvolvem todos os dias”, destacou Canton.

            O evento reuniu lideranças das cooperativas filiadas ao sistema Aurora Coop, representantes do Sebrae, Senar, Sicoob MaxiCrédito, Sicredi, Fecoagro e do Movimento Catarinense pela Excelência (Excelência SC). Parceiros que, como reforçou o diretor, “soam bem aos ouvidos do campo” e estendem suas ações também às cidades, criam um ecossistema de desenvolvimento que ultrapassa fronteiras rurais.

            Ao encerrar sua fala, Canton disse que o prêmio é apenas a ponta visível de um trabalho de base consistente, feito com planejamento, parcerias e, principalmente, com pessoas. Gente que não mede esforços para manter viva a essência do cooperativismo, que tem como centro a prosperidade compartilhada.

            E foi assim, com emoção, histórias de vida e reconhecimento, que a edição 2025 do Prêmio Empreendedor Rural Cooperativista se tornou mais que uma cerimônia: virou um marco. Um momento para agradecer, inspirar e, acima de tudo, continuar a construção do agro catarinense com união, respeito e fé no trabalho da terra.

            UM LEGADO DE FAMÍLIA CULTIVADO COM AMOR E COOPERAÇÃO

            Na comunidade de Camboin, interior de Videira, o produtor Clodomir Piasson, de 55 anos, guarda na memória cada canto da propriedade onde nasceu, e que até hoje chama de lar. São quase seis décadas de vivência no campo, construídas com esforço, resiliência e um profundo respeito pelos ensinamentos dos pais.

            “Somos seis irmãos, mas fui eu quem ficou. Moramos juntos por 25 anos, até meus pais falecerem. Depois, comprei a parte das minhas irmãs e continuei aqui. Essa terra faz parte de mim”, contou Clodomir, com emoção nos olhos e sorriso no rosto. A sucessão foi natural, guiada por afeto e responsabilidade.

            Ao lado da esposa Serliane Darol, de 46 anos, e das filhas Beatriz (26)Emanueli (19) e Amanda (13), ele administra uma propriedade de 39,9 hectares, com suinocultura, produção de leite de vacas holandesas e um pequeno cultivo de soja. Os animais são cuidados com dedicação pela própria família, que toca a produção sem a contratação de mão de obra externa.

            A filha Beatriz optou por seguir carreira fora do campo e estuda, já Emanueli, é símbolo vivo da continuidade desse legado, a jovem decidiu ficar na propriedade e ajudar os pais. “Ela quer isso para a vida e eu sempre digo que temos muito mais recursos para viver da agricultura, as formas de rentabilizar também mudaram. Agora o temos mais tecnologia, incentivos, assistência técnica, apoio da Aurora Coop e da Coopervil. Não estamos sozinhos”, destacou Clodomir.

            Essa transformação se deu, também, por meio de capacitações. Clodomir participou de diversos cursos, como QT Rural, Bem-Estar Animal, Conversão Alimentar e nunca se esquece do momento chave: o curso De Olho na Qualidade, feito em 2008. “Foi ali que a minha visão mudou. Passei a enxergar a propriedade como empresa, foi uma virada de chave, lembro até hoje, vejo muita diferença do antes e depois”, lembrou.

            Essa trajetória foi reconhecida com o 2º lugar no Troféu Aury Luiz Bodanese, entregue durante o Prêmio Empreendedor Rural Cooperativista 2025. Clodomir subiu ao palco emocionado, acompanhado da família, grato por tudo o que construiu. “Eu confesso que não esperava. A gente faz por amor, esse prêmio mostra que estamos no caminho certo”.

            Com orgulho, ele também lembrou da origem cooperativista que vem do pai, um dos primeiros associados da Coopervil, com matrícula número 40. “É uma história de gerações e eu quero seguir nesse caminho e passar o legado para as minhas filhas”.

            Mais do que números e produtividade, o que define Clodomir é o sentimento de pertencimento. Sua história mostra que, quando há apoio, união e conhecimento, a agricultura familiar floresce — e emociona.

            RAÍZES FORTES, FRUTOS DURADOUROS: A FORÇA DA FAMÍLIA NO CAMPO

            O encerramento do Prêmio Empreendedor Rural Cooperativista 2025 foi carregado de emoção. O grande vencedor, Roque Eyng, produtor de suínos da comunidade de Linha Cotovelo, não pôde comparecer ao evento — mas seu nome ecoou no palco como exemplo de dedicação e continuidade familiar.

            Para representar Roque, subiram ao palco seu filho Jair Eyng, de 35 anos, e o genro Márcio Zimmermann, de 29. “A gente já estava feliz só de estar entre os três melhores da cooperativa. Ganhar o prêmio foi uma surpresa enorme. É muito mais do que uma premiação, é o reconhecimento de um ano inteiro de trabalho. Mostra que a família está unida e que está dando bons frutos”, disse Márcio, emocionado.

            A paixão pelas atividades vem de berço e a propriedade familiar é administrada em conjunto por Roque, Jair, Márcio e outros membros da família. Especializada na fase de terminação da suinoculturaaloja atualmente1.060 animaiscomexpansão em andamento para mais 750 suínosTambém trabalham comgado de corte (recria e terminação)e produzemgrãos como milho e soja. Ao todo, são90 hectares de áreaoperados porseis membros da família.

            “Hoje, a propriedade já é sucessão. Decidimos manter o legado do seu Roque, que sempre acreditou na união da família e no amor pela terra. Trabalhar com suínos e cereais se tornou uma paixão. E é isso que nos move”, afirmou Márcio.

            A família também investe em constante aprimoramento técnico. Participaram do QT Rural, treinamentos sobre Sustentabilidade, Bem-Estar Animal, Cereais, Suinoculturae o Times de Excelência. “Estamos sempre em busca de conhecimento. Isso nos dá segurança e melhora nossos resultados”.

            Ao encerrar sua fala com simplicidade e sabedoria, Márcio deixou um conselho: “A quem está começando, eu digo: nunca desista. Sempre evolua e busque fazer o seu melhor. Não é fácil, mas o agro tem espaço para quem acredita, trabalha e ama o que faz”.

            Histórias como a de Clodomir e Roque representam muito mais que conquistas individuais. São retratos vivos de um campo que se renova, que educa e que cresce com as mãos e os corações de famílias inteiras. O Prêmio Empreendedor Rural Cooperativista 2025 não apenas reconheceu esses esforços — ele os eternizou.